Olá, cidadão do Mundo de Anne.
Você deve estar estranhando esse titulo e esse tema, mas setembro é o mês de prevenção ao suicÃdio e é um mês em que os olhares das pessoas se voltam também para a depressão e ansiedade, duas grandes causas de suicÃdio. Bem, cidadão, eu sou ansiosa. E foi em uma dessas crises que eu escrevi o relato abaixo. Como setembro está acabando eu resolvi postar esse texto. Esse relato é feito pra você que não é ansioso ou depressivo, ok? Nós, que somos, já sabemos como é a coisa. Hora de você que não tem, conhecer.
Às vezes, quando a Ansiedade bate forte, eu me imagino dentro de uma redoma poderosa, que me protege das ameaças do exterior. Eu tento acalmar minha respiração e pensar que esse aperto no peito e o coração acelerado vão passar a qualquer momento. Imagino que qualquer grito, ofensa, problemas, pessoas, não me atingirão lá dentro e que eu não preciso me preocupar com essas coisas porque eu estou protegida lá dentro.
Eu sou ansiosa.
Eu nunca imaginei que um dia iria me sentir assim. Preocupada, do nada, com coisas que nem aconteceram e podem nem acontecer. Sempre na expectativa de algo dar errado, de ser humilhada, de levar grito, ou apenas, de alguma coisa não dar certo no trabalho ou na vida. A noite, quando a escuridão traz sombras nas paredes, o coração acelera quando deveria descansar. Frenético, lembra os monstros que existem durante o dia.
As crises são a pior parte. As lágrimas, o desamparo, a sensação de solidão, de vazio, o peito aperta sem conseguir respirar. Tudo se mistura e naquele momento você só gostaria que tudo acabasse. Os problemas que nem existem me sufocam de uma maneira que eu passo a acreditar que não tenho valor algum. Cada sorriso e risada se tornou tão caro que, muitas vezes vem seguidas de lágrimas por acabarem tão rápido.
Os pequenos prazeres da vida também são valorizados, mas pouco aproveitados. É difÃcil aproveitar de prazeres quando não se tem mais prazer em nada. Ler um livro se torna difÃcil, a mente não descansa, fugindo de volta para os problemas da realidade a cada paragrafo. Música, só se for algo levemente melancólico, daquelas que te fazem ficar ainda pior. Conversar, assistir um filme, ficar nas redes sociais, fazer nada. Não adianta. Lá está ela, nas sombras, nas entrelinhas, nas notificações. A maldita ansiedade.
Respiro fundo nesse momento, prestes a terminar esse desabafo, na esperança de que você que está me lendo agora nunca passe por isso. Que nenhum parente seu sofra com esse mal. Mas se acontecer, não dê as costas. Não julgue. Não diga que é frescura. Não diga que é falta de Deus ou coisa do demônio. Não ignore ajuda médica ou de medicamentos. Se você fizer qualquer uma dessas coisas, você pode estar destruindo a vida de alguém que você ama.
Apenas apoie. Esteja próximo. Converse. Dê amor. Seja empático. E procure ajuda. Essa é uma luta que não conseguimos vencer sozinhos.